06/11/2009

Lectio Divina - 12 de Janeiro ou sábado depois da Epifania


REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA


(LECTIO DIVINA)


Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm


12 de Janeiro ou sábado depois da Epifania


1) Oração


Deus eterno e todo-poderoso,

pelo vosso Filho nos fizestes nova criatura para vós.

Dai-nos, pela vossa graça, participar da divindade daquele

que uniu a vós a nossa humanidade.

Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,

na unidade do Espírito Santo.


2) Leitura do Evangelho (João 3, 22-30)


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo João - 22Em seguida, foi Jesus com os seus discípulos para os campos da Judéia, e ali se deteve com eles, e batizava. 23Também João batizava em Enon, perto de Salim, porque havia ali muita água, e muitos vinham e eram batizados. 24Pois João ainda não tinha sido lançado no cárcere. 25Ora, surgiu uma discussão entre os discípulos de João e um judeu, a respeito da purificação. 26Foram e disseram-lhe: Mestre, aquele que estava contigo além do Jordão, de quem tu deste testemunho, ei-lo que está batizando e todos vão ter com ele... 27João replicou: Ninguém pode atribuir-se a si mesmo senão o que lhe foi dado do céu. 28Vós mesmos me sois testemunhas de que disse: Eu não sou o Cristo, mas fui enviado diante dele. 29Aquele que tem a esposa é o esposo. O amigo do esposo, porém, que está presente e o ouve, regozija-se sobremodo com a voz do esposo. Nisso consiste a minha alegria, que agora se completa. 30Importa que ele cresça e que eu diminua. - Palavra da salvação.


3) Reflexão


* Tanto João Batista como Jesus, ambos apontavam um rumo novo para o povo. Mas Jesus, depois de ter aderido ao movimento de João Batista e de ter sido batizado por ele, deu um passo a mais e criou o seu próprio movimento. Ele chegou a batizar pessoas no rio Jordão ao mesmo tempo que João Batista. Ambos atraíam o povo pobre e abandonado da Palestina, anunciando a chegada da Boa Nova do Reino de Deus.

* Jesus, o novo pregador, estava levando uma certa vantagem sobre João Batista. Ele batizava mais gente e atraía mais discípulos. Surgiu então uma tensão entre os discípulos de João e os de Jesus a respeito da "purificação", isto é, a respeito do valor do batismo. Os discípulos de João Batista sentiam uma certa inveja e foram falar com João para informá-lo a respeito do movimento de Jesus.

* A resposta de João aos seus discípulos é uma resposta bonita, que revela a grandeza de alma. João ajudou seus discípulos a verem as coisas com mais objetividade. Ele usou três argumentos: 1) Ninguém recebe nada a não ser aquilo que lhe foi dado por Deus. Se Jesus faz coisas tão bonitas, é porque as recebeu de Deus (Jo 3,27). Em vez de inveja, os discípulos deveriam sentir alegria. 2) João reafirma, novamente, que ele, João, não é o Messias mas apenas o precursor (Jo 3,28). 3) No fim, ele usa uma comparação, tirada das festas de casamento. Naquele tempo, lá na Palestina, no dia da festa do casamento, na casa da noiva, os assim chamados "amigos do noivo" aguardavam a chegada do noivo para poder apresentá-lo à noiva. No caso, Jesus é o noivo, o povo é a noiva e ele, João, é o amigo do noivo. João Batista diz que, na voz de Jesus, reconheceu a voz do noivo e ele pôde apresentá-lo à noiva, ao povo. Neste momento, a noiva, o povo, deixa de lado o amigo do noivo e vai atrás de Jesus, porque reconheceu nele a voz do seu noivo! Por isso, é grande a alegria de João, "alegria completa". João não quer nada para si! Sua missão é apresentar o noivo à noiva! A frase final resume tudo: "É necessário que ele cresça e eu diminua!" Esta frase é também o programa de toda pessoa seguidora de Jesus.

* Naquele fim do primeiro século, tanto na Palestina como na Ásia Menor, onde quer que houvesse alguma comunidade de judeus, havia também gente que tinha estado em contato com João Batista ou que tinha sido batizada por ele (At 19,3). Vistos do lado de fora, o movimento de João Batista e o de Jesus eram muito semelhantes entre si. Os dois anunciavam a chegada do Reino (cf. Mt 3,1-2; 4,17). Deve ter havido uma certa confusão e tensão entre os seguidores de João e os de Jesus. Por isso era tão importante o testemunho de João sobre Jesus. Todos os quatro evangelhos se preocupam em relatar as palavras de João Batista dizendo que ele não é o messias. Para as comunidades cristãs, a resposta de João "Ele deve crescer e eu devo diminuir" valia não só para os discípulos de João da época de Jesus, mas também para os discípulos das comunidades batistas do fim do primeiro século.

4) Para um confronto pessoal


1. “Ele deve crescer e eu diminuir”. É o programa de João. É também o meu programa?

2. O que importa é que a noiva encontre o noivo. Somos porta-vozes, nada mais. Será que eu sou?


5) Oração final


Em coros louvem o seu nome,

cantem-lhe salmos com o tambor e a cítara,

porque o Senhor ama o seu povo,

e dá aos humildes a honra da vitória. (Sal 149, 2-3)


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